Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/11612/6754
Autor(a): Feitosa, Leni Barbosa
Orientador: Vizolli, Idemar
Título: Jenipapo, lápis e urucum: (des)conexões entre educação mẽbêngôkre e educação escolar na aldeia gorotire
Palavras-chave: Educação. Amazônia. Mẽbêngôkre-Kayapó. Escola indígena. Educação indígena. Education. Amazon. Mẽbêngôkre-Kayapó. Indigenous school. Indigenous education
Data do documento: 20-Mar-2024
Citação: FEITOSA, Leni Barbosa. Jenipapo, lápis e urucum: (des)conexões entre educação mẽbêngôkre e educação escolar na aldeia gorotire. 2024. 349f. Tese (Doutorado em Educação na Amazônia) – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-graduação em Educação na Amazônia, Palmas, 2024.
Resumo: A presente pesquisa tematiza a educação escolar indígena, e objetiva compreender (des)conexões entre educação mẽbêngôkre e educação escolar na aldeia Gorotire, localizada na Amazônia Legal brasileira, Terra Indígena Kayapó, município de Cumaru do Norte-PA. O andarilhar teórico metodológico foi inspirado na fenomenologia e substanciado no estudo de caso etnográfico, com abordagem qualitativa, natureza básica, descritiva e interpretativa. A construção de informações, dados e evidências foram elencados em três etapas: estudo bibliográfico (estado do conhecimento de (des)conexões entre educação indígena e educação escolar indígena), estudo documental (fontes escritas e iconográficas) e estudo de campo (observação participante, entrevista semiestruturada e oficina de produção de desenhos). A educação mẽbêngôkre, ou melhor dizendo, o me mari mex mẽbêngôkre, é distinto, peculiar e complexo. Se faz presente em todas as atividades realizadas na aldeia, guiadas pela ação de ver, ouvir, falar, brincar/imitar e fazer, com vista na construção de corpos socioculturais ancorados no liame temporal (passado e presente), que os aproximam do conjunto de conhecimentos acumulados milenarmente por seus ancestrais . O processo de escolarização, que se faz presente na aldeia há 51 anos, foi vislumbrado sob duas perspectivas de oferta educacional: não institucionalizada (1973-1985) e institucionalizada (1986-até os dias atuais). Dos 38 anos de escola institucionalizada, 24 anos foram de oferta do ensino primário de 1ª a 4ª série, hoje anos iniciais do ensino fundamental; e após o ano de 2011 houve o seguimento da oferta escolar, como a Educação de Jovens e Adultos em 2011, Educação Infantil em 2012 e Anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio em 2014. A claridez do que querem da escola: apreender modos operantes dos kubẽn, com vista na defesa do seu território e de sua sobrevivência enquanto povo culturalmente diferenciado, bem como da natureza de aprendizagens que circulam em seu território, revelam a intelecção de existência e habitualidade entre os distintos modos de conhecimento, especialmente quando vislumbrado à luz dos elementos estruturantes da escola: currículo, professores mẽbêngôkre, práticas docentes mẽbêngôkre e produção e uso de materiais didático-pedagógicos específicos e diferenciados. Dentre os aspectos de conexões e desconexões depreende-se, respectivamente, o refundir do ambiente escolar, confluência de anseios e expectativas, envolvimento nos encaminhamentos instrutivos e prática docente mẽbêngôkre no ambiente escolar; e ausência do Estado com a produção de materiais didático-pedagógicos específicos e diferenciados, ínfimo tempo escolar de aprendizagem na língua Mẽbêngôkre, silenciamento do Projeto Político Pedagógico com aspectos do me mari mex mẽbêngôkre e prática docente mẽbêngôkre após 37 anos do início do processo de escolarização na aldeia, 22 anos da promulgação da Constituição Federal/1988 e 14 anos do estabelecimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação/1996. Todavia, é importante ressaltar que para os Gorotire a escola é, sem dúvida, um lugar notável de aprendizagem que também se faz presente na aldeia.
Abstract: This research focuses on indigenous school education and aims to understand the (dis)connections between Mẽbêngôkre education and school education in the Gorotire village, located in the Brazilian Legal Amazon, Kayapó Indigenous Land, in the municipality of Cumaru do Norte-PA. The theoretical methodological approach was inspired by phenomenology and based on an ethnographic case study, with a qualitative, basic, descriptive and interpretive approach. The construction of information, data and evidence was carried out in three stages: a bibliographic study (state of knowledge of (dis)connections between indigenous education and indigenous school education), a documentary study (written and iconographic sources) and a field study (participant observation, semi-structured interviews and a drawing workshop). Mẽbêngôkre education, or rather, me mari mex mẽbêngôkre, is distinct, peculiar and complex. It is present in all the activities carried out in the village, guided by the action of seeing, hearing, speaking, playing/imitating and doing, with a view to building sociocultural bodies anchored in the temporal link (past and present), which bring them closer to the body of knowledge accumulated mille nnia ago by their ancestors. The process of schooling, which has been present in the village for 51 years, has been seen from two perspectives: non-institutionalized (1973-1985) and institutionalized (1986 to the present day). Of the 38 years of institutionalized schooling, 24 years have been spent offering primary education from 1st to 4th grade, today the initial years of primary education; and after 2011 there has been a continuation of school provision, such as Youth and Adult Education in 2011, Early Childhood Education in 2012 and the final years of Primary Education and Secondary Education in 2014. The clarity of what they want from the school: to apprehend the ways in which the Kubẽn operate, with a view to defending their territory and their survival as a culturally differentiated people, as well as the nature of the learning that circulates in their territory, reveals the perception of existence and habituality between the different modes of knowledge, especially when seen in the light of the structuring elements of the school: curriculum, mẽbêngôkre teachers, mẽbêngôkre teaching practices and the production and use of specific and differentiated didactic-pedagogical materials. The aspects of connection and disconnection include, respectively, the re-founding of the school environment, confluence with desires and expectations, involvement in instructional guidelines and mẽbêngôkre teaching practice in the school environment; and the absence of the State with the production of specific and differentiated teaching materials, school time for learning in the Mẽbêngôkre language, silencing of the Pedagogical Political Project with aspects of the Mẽbêngôkre me mari mex and Mẽbêngôkre teaching practice 37 years after the start of the schooling process in the village, 22 years after the promulgation of the Federal Constitution/1988 and 14 years after the establishment of the Education Guidelines and Bases Law/1996. However, it is important to emphasize that for the Gorotire, school is undoubtedly a remarkable place of learning that is also present in the village.
URI: http://hdl.handle.net/11612/6754
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